Se você é tão novinho quanto meu amigo Edu (menos de 30 anos) é muito provável que você nem lembre mas os números de telefone já foram compostos por apenas 6 dígitos como o que você vê na placa aí de cima (essa foto eu fiz ontem numa caminhada com o Edu).
A história do telefone no Brasil é interessante (e para o Ministério da Comunicações essa história acaba em 1998):
3 de março de 1847 – Nasce Graham Bell, inventor do telefone. Desde menino se interessa pela atividade profissional do pai, que criara um método para correção da fala e treinamento de surdos-mudos.
17 de março de 1865 – Fundada a União Internacional de Telecomunicações (em inglês, International Telecommunication Union – ITU), a mais antiga instituição da Organização das Nações Unidas (ONU), sediada em Genebra, Suíça. Seus principais objetivos são coordenar o tráfego internacional de telecomunicações, a utilização do espectro de rádio freqüências, bem como manter e desenvolver a cooperação internacional, dar suporte ao desenvolvimento tecnológico e prestar assistência técnica aos países em desenvolvimento.
1866 – O primeiro cabo telegráfico transatlântico foi posto em funcionamento entre Valentia (Irlanda) e Heart’s Content (Terra Nova).
1876 – Alexandre Graham Bell apela para seu auxiliar falando junto ao transmissor do aparelho a que se dedicava: – “Senhor Watson, venha cá. Preciso do Senhor”. Ao que Thomas August Watson, o eletricista ajudante, responde: “Senhor Bell, ouvi cada palavra que o senhor disse, distintamente”. No dia 14 de fevereiro de 1876, Graham Bell solicita o registro de patente do seu invento, duas horas antes de Elisha Gray, que pesquisava sobre o mesmo assunto ao mesmo tempo que Bell. Obtida a patente, Bell e Watson retornam a trabalhar com afinco no transmissor de indução, aperfeiçoando-o, tendo em mente a Exposição do Centenário da Independência dos Estados Unidos naquele mesmo ano. A Exposição do Centenário é aberta no dia 4 de julho com a participação de milhares de pessoas, entre elas personalidades de fama internacional, inclusive o imperador do Brasil, D. Pedro II.
1877 – D. Pedro II ordena a a instalação de linhas telefônicas interligando o Palácio do Quinta da Boa Vista às residências dos seus Ministros. Isso aconteceu em 1877, através dos serviços de montagem da “Western and Brazilian Telegraph”, que inaugurava efetivamente a telefonia no Brasil. Naquele mesmo ano, o sucesso do telefone já despertara o interesse do comércio e da indústria. A firma Rodd & Chaves determinara a ligação de sua sede na atual rua do Ouvidor ao quartel do Corpo de Bombeiros. Foram instaladas várias linhas telefônicas, a pedido do Ministro de Estado dos Negócios da Agricultura, para ligar o Ministério às repartições da Corte.
15 de novembro de 1879 – A primeira concessão para construir e explorar linhas telefônicas da capital do Império foi concedida a Charles Paul Mackie. Entretanto essa empresa não chegou a ser organizada.
1881 – Após decisão do Conselho de Estado, era concedida à “Telephone Company do Brasil”, através do Decreto nº 8065, de 17 de abril de 1881, a permissão “para fazer negócio de construir e fazer trabalhar linhas telephonicas da cidade do Rio de Janeiro e seus subúrbios e na cidade de Nictheroy”, no Império do Brasil, que serão postas em comunicação com a dita capital por um cabo submarino…” Esta empresa foi, portanto, a primeira a explorar os serviços de telefonia no Brasil com fins comerciais.
1882 – Através do Decreto nº 8.453-A, foram estabelecidas as bases para a concessão e linhas telefônicas no País.
1883 – Instituído um Regulamento para concessão de linhas telefônicas pelo Decreto nº 8.935.
1890 – Outorgada concessão para implantação da primeira linha telefônica interurbana no País, entre Rio de Janeiro e São Paulo, ficando autorizado o concessionário, a empresa alemã Brasilianische Elektricitats Gesellschaft, a instalar centrais telefônicas nas cidades terminais. Em 1912, essa empresa foi incorporada no Canadá à Brazilian Traction Light & Power.
11 de janeiro de 1923 – A subsidiária brasileira da Brazilian Traction passou a denominar-se Companhia Telephonica Brasileira (CTB).
27 de maio de 1931 – O presidente da República, Getúlio Vargas, assina o Decreto nº. 20.047, único instrumento legal, ao lado do Decreto no. 21.111, de 1 de março de 1931, que o regulamentou até a criação do Código Brasileiro de Telecomunicações.
1946 – Instalado ente Aldeburgh (Inglaterra) e Domburg (Alemanha) o primeiro cabo moderno com um comprimento de 80 milhas náuticas e uma capacidade de 60 canais telefônicos.
1956 – Instalado o primeiro cabo transatlântico entre Oban (Escócia) e Clareville (Terra Nova), com distância de 1.526 milhas náuticas e 36 canais.
1957 – Estabelecida a primeira instalação telefônica interurbana através de enlaces por microondas no Brasil entre o Rio de Janeiro e São Paulo. No mesmo ano, foi inventado o transistor, que, substituindo as antigas válvulas, permitiu que os equipamentos de telecomunicações fossem modernizados e diminuíssem de tamanho.
1958 – Implantado o sistema de Discagem Direta à Distância (DDD) entre São Paulo e Santos através de um cabo coaxial.
1962 – Neste ano, o país contava com pouco mais de 1 milhão de telefones para uma população de mais de 70 milhões de habitantes. Mais de 900 concessionárias de serviços telefônicos operavam no país.
27 de agosto de 1962 – Editada a Lei 4.117, o Código Brasileiro de Telecomunicações, de 27 de agosto de 1962. Esta lei possibilitou a criação do sistema Nacional de Telecomunicações, atribuiu à União a competência para explorar diretamente os serviços, regulamentou o artigo 151 da Constituição de 1946, que tratava das tarifas, autorizou o Poder Executivo a criar uma empresa pública para explorar os serviços, definiu uma fonte de recursos (o Fundo Nacional de Telecomunicações – FNT) para implantação dos meios necessários à execução dos serviços – a partir de uma sobretarifa de 30% sobre as tarifas dos serviços públicos de telecomunicações – e “definiu o relacionamento entre o poder concedente e o concessionário no campo das telecomunicações”. Em seu artigo 42, autorizou o poder executivo a criar uma empresa para explorar os serviços de telecomunicações, batizada de Empresa Brasileira de Telecomunicações – Embratel.
1964 – Criação do sistema INTELSAT. Sociedade comercial internacional, com a participação do Brasil, destinada a planejar, implantar e controlar o sistema mundial de comunicação por satélites. Neste ano, instalado o primeiro cabo coaxial entre o Rio Janeiro e Petrópolis, que aumentou a capacidade de ligações nos dois sentidos.
16 de setembro de 1965 – Criada a Empresa Brasileira de Teleconunicações (Embratel), iniciando o processo de modernização das telecomunicações e constituição do Fundo Nacional de Telecomunicações – FNT, que era formado por uma tarifa cobrada em todos os serviços de telecomunicações, fornecia recursos para a EMBRATEL.
Lançamento do primeiro satélite artificial, o INTELSAT-I ou Early Bird, com apenas 240 canais de voz ou telefônicos e um de transmissão de imagens ou televisão
20 de fevereiro de 1967 – O Decreto-Lei nº 200 criou o Ministério das Comunicações, exclusivo para promover o seu desenvolvimento.
15 de março de 1967 – Instalação do Ministério das Comunicações, no mesmo dia da posse do presidente Costa e Silva.
1969 – Brasil inaugura sua primeira estação de comunicação com satélites, no município de Itaboraí, no Rio de Janeiro. Também neste ano, foi inaugurado o Tronco Sul, permitindo a interconexão do Rio de Janeiro com Porto Alegre, via São Paulo e Curitiba.Inaugurado o Tronco Sul, permitindo a interconexão do Rio de Janeiro a Porto Alegre, via São Paulo e Curitiba, por microondas. No final deste ano, foi ativado o sistema DDD (Discagem Direta a Distância).
1970 – Firmado convênio entre EMBRATEL e a Companhia Telefônica Nacional da Espanha (Cine), para a instalação do sistema que tomou a denominação de BRACAN-1 (BRAsil + CANárias).
1971 – A utilização de novos tipos de cabos e ampliadores transistorizados permitiram a instalação de cabos submarinos de grande profundidade e grande capacidade para canais telefônicos. O navio “Recorder”, da firma Cable and Wireless Ltd., finaliza o estudo de levantamento da rota do BRACAN-1, o primeiro cabo eletrônico submarino que, com seus 160 circuitos de voz, permitiu uma comunicação direta entre a América do sul e Europa. Foram detemrinados como pontos extremos, no Brasil, Recife (Praia de Boa Viagem) e na Espanha, Ilha Gran Canária (Praia Arinaga). Coube, entretanto, ao navio “Mercury”, de propriedade da Cable and Wireless Ltd., a operação de lançamento do sistema BRACAN-1. Lançado o INTELSAT IV com 9 mil canais de voz e 2 de televisão, com capacidade de transmissão simultânea.
11 de agosto de 1972 – A Lei 5.792 foi criou a Telebrás (Telecomunicações Brasileiras S/A) constituída somente em 09/11/1972. Holding de um sistema destinado, entre outras atividades, a coordenar todo o desenvolvimento das telecomunicações no país, sobretudo dos serviços locais, então caóticos e carentes de investimentos muito mais pesados que os investidos na infra-estrutura de longa distância. A Telebrás veio, portanto, preencher essa lacuna com a flexibilidade de uma organização empresarial privada, que implementasse a política geral de telecomunicações estabelecida pelo Ministério das Comunicações. A primeira grande tarefa da Telebrás foi a incorporação das operadoras locais e desta ação resultou o sistema Telebrás (STB), constituído de 22 subsidiárias e 4 associadas.
1973 – Inaugurado o Sistema BRACAN-1, com alcance, por intermédio de outros sistemas de telecomunicações, praticamente qualquer país estrangeiro.
1974 – A Embratel implantou a primeira estação terrena de comunicações por satélite, destinada ao tráfego internacional, no município de Tanguá, estado do Rio de Janeiro, e iniciou a implantação do sistema Brasileiro de Telecomunicações via Satélite (SBTS), que conta hoje com quatro satélites (A2, B1, B2 e B3).
1974 a dezembro de 1977 – Dos 2,5 milhões de telefones em serviço, inicialmente, atingiu-se 4,5 milhões. O número de telefones públicos era de apenas 13.000 em serviço, e, ao final de 1977, ultrapassou os 31.000 em funcionamento, correspondendo a um crescimento superior ao dobro. Em 1974, o Brasil dispunha de 39.000 canais de voz instalados, esse número, ao final de 1977, chegou a cerca de 115.000, que corresponde a um crescimento de quase três vezes.
O sistema DDD – Discagem Direta a Distância, que dispensa o auxilio da telefonia em 1974 atendia a 156 localidades e, no final de 1977, esse número cresceu para 533 cidades. Quanto aos troncos-trânsito interurbanos, ou seja a possibilidade de execução do DDD, estes totalizavam 51.000 em 1974, atingindo 216.000 ao final de 1977, apresentando, portanto, um crescimento de 4 vezes mais ao valor inicial.
5 de junho de 1975 – Assinado o acordo para construção e manutenção do cabo que se denominou BRUS (Brasil-Estados Unidos) e criou uma nova alternativa de comunicação entre os dois países, até então feita somente via satélite.
1976 – Criado o CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento), vinculado diretamente à Telebrás, a partir do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa. A principal função do CPqD é coordenar, em âmbito nacional, a realização de programas de intercâmbio com as principais universidades do país e parcerias com a indústria nacional. Com a privatização do Sistema Telebrás, o CPqD foi transformado em uma fundação de direito privado. Inaugurada a segunda estação de comunicação com satélites, em Itaboraí (RJ), para atender não só aos serviços internacionais, como também aos nacionais.
15 de março de 1982 – O Decreto nº 87.009, instituiu a “Ordem do Mérito das Comunicações”, galardoando personalidades nacionais e estrangeiras que, por serviços relevantes prestados às comunicações, se tenham tornado merecedoras dessa distinção. A medalha homenageia D. Pedro II, com sua imagem cunhada no reverso.
1995 – O Brasil quebra o modelo monopolista de Telecomunicações. Este modelo predominou em todo o mundo, até mesmo nos EUA, cujo monopólio privado foi exercido pela AT&T até 1984, enquanto que no resto do mundo predominava o monopólio estatal.
1996 – Aprovada a Lei 9.295 (Lei específica ou Lei Mínima) que antecedeu a Lei Geral de Telecomunicações (LGT) e abriu o mercado para os serviços de telefonia móvel da banda B, serviços via satélite, serviços limitados, trunking, paging e redes corporativas.
16 de julho de 1997 – Aprovada a Lei 9.472, Lei Geral de Telecomunicações (LGT), que define as linhas gerais do novo modelo institucional e cria um órgão regulador independente, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Julho de 1998 – O governo federal privatizou o sistema Telebrás.